Eu amei minha primeira filha desde o momento que estava grávida e passei a gestação num longo namoro que se solidificou quando ela nasceu. Com o meu segundo filho foi muito parecido, até por que foram filhos muito desejados. Mas não tenho vergonha de dizer que, principalmente nas primeiras semanas de vida, existem horas que não nutri somente sentimento de ternura com relação ao bebê. Tem horas que estamos com fome, cansadas e nao sabemos fazê-los parar de chorar e para eles também não é diferente. Eles vem de um lugar diferente, aconchegante e com comida sem parar...
Gostaria de dividir aqui algumas coisas que definitivamente me ajudaram a passar as semanas mais difíceis de recém-mãe de um recém nascido:
- A primeira coisa que ajudou foi a ternura e carinho do meu companheiro , que foi compreensivo e parceiro mesmo em meio a tantas turbulencias que giram em torno do nascimento e momentos que se seguem. (O pós -operatorio, a aprendizagem do bebe ao mamar no peito, as colicas...)
- A rede familiar de pessoas que genuinamente me ajudaram muito, principalmente minha mãe e minha sogra;
- A minha tranquilidade de que eu até poderia fazer algumas coisas erradas mas para o meu bebê seriam as mais acertadas possíveis;
Algumas coisas que fizeram muito bem a mim e ao bebê:
- Curtir ao máximo os momentos de contato, de "pele", estes são momentos de tranquilidade para a mãe e o bebê;
- Praticar a shantala, o que eu e o Tino adoramos desde que ele tem 1 mês. É uma massagem para ele, mas também para mim...
- Baby calm. Um som que parece horrível, mas acalma imediatemente um bebe recém nascido que chora.
- Passa-lo para outro colo quando o meu já não estava confortável...
Finalizo com um texto muito sábio de Frédérick Leboyer:
As primeiras semanas que se seguem ao nascimento
são como a travessia de um deserto.
Deserto povoado de monstros:
as novas sensações que, brotada do interior,
ameaçam o corpo da criança.
Depois do calor no seio materno,
depois do terrível estrangulamento do nascimento,
a enregelada solidão do berço.
A seguir, aparece uma fera,
a fome,
que morde o bebê nas entranhas.
O que enlouquece a pobre criança
não é a crueldade da ferida.
É essa novidade:
a morte do mundo que a rodeia
e que empresta ao monstro
exageradas proporções
Como acalmar essa angústia?
Nutrir a criança?
Sim.
Mas não só com leite.
É preciso pegá-la no colo.
É preciso acaricia-la, embalá-la.
E massagea-la.
(...)
F.L.